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Naji Nahas: O Império e as Ruínas de um Magnata

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out 07, 2024
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Em um mercado financeiro em expansão, mas ainda carente de uma regulação sólida, um investidor foi capaz de movimentar sozinho até 30% do volume diário da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Nos anos 1980, Naji Robert Nahas emergiu como uma figura singular, sua capacidade de alavancagem e influência era inédita nos mercados de capitais brasileiros. Com operações estimadas em mais de US$1 bilhão, ele construiu uma rede complexa de investimentos que desafiaram as estruturas financeiras da época e levou ao colapso que marcou a quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.

Naji Nahas construiu sua fortuna jogando com a alta volatilidade do mercado e usando estratégias que beiravam o limite da legalidade. Alavancado em até 20 vezes o seu capital, ele manipulava preços e volumes com práticas controversas como ‘wash sales’ e ‘churning’, criando uma ilusão de atividade que inflava o valor das ações de forma artificial. Essa dança arriscada lhe rendeu centenas de milhões de dólares, mas ao mesmo tempo expôs a fragilidade do sistema financeiro brasileiro, despreparado para lidar com esse nível de risco e manipulação.

Nesse artigo vamos dissecar os eventos que levaram ao crash da Bolsa em 1989 e as subsequentes investigações que envolveram cifras astronômicas e manobras financeiras complexas. Para investidores institucionais, gestores de fundos e profissionais do mercado financeiro, compreender os detalhes deste caso é essencial para lidar com os desafios contemporâneos de um mercado cada vez mais interconectado e sofisticado.

Origem e Formação

Naji Robert Nahas nasceu em 1947, em Beirute, Líbano, em uma família de comerciantes abastados. Mudou-se para o Brasil em 1969, aos 22 anos, em busca de oportunidades de negócios em um país em desenvolvimento. Embora não tenha concluído o ensino superior, Nahas possuía um aguçado senso para os negócios, inicialmente ele se estabeleceu como importador de produtos têxteis, aproveitando o boom econômico brasileiro do “Milagre Econômico” (1968-1973), período em que o PIB cresceu a taxas anuais superiores a 10%.

Ascensão no Mercado Imobiliário

Após se estabelecer no Brasil na década de 1970, Naji Nahas identificou o potencial de crescimento do mercado imobiliário em São Paulo e no Rio de Janeiro, cidades em plena expansão econômica e urbanização acelerada. Ele começou investindo em propriedades e terrenos em bairros nobres, como Jardins e Itaim Bibi em São Paulo, e Leblon e Ipanema no Rio de Janeiro. Nahas focou em projetos residenciais e comerciais de alto padrão, firmando parcerias estratégicas com grandes construtoras como a Encol, o que lhe permitiu minimizar riscos e ampliar seus empreendimentos.

Diferente de um incorporador tradicional, Nahas atuava principalmente como investidor e financiador, fornecendo capital para projetos de terceiros. Esse papel permitia que ele diluísse o risco e aumentasse seu alcance

Utilizando a alavancagem financeira, Nahas ampliou seu capital inicial de cerca de US$50 milhões para acessar até US$200 milhões em recursos adicionais por meio de empréstimos e linhas de crédito bancário. Essa abordagem ampliou sua exposição a áreas emergentes e diversificou seu portfólio, incluindo empreendimentos em shoppings e hotéis. Através desse método, ele conseguiu antecipar-se à valorização de regiões em crescimento, como a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, que se tornaria um importante centro financeiro da cidade. Nahas viu seus investimentos imobiliários dobrarem de valor em menos de cinco anos, e os aluguéis de imóveis comerciais geravam um fluxo de caixa anual estimado em US$20 milhões.

Embora seu sucesso no mercado imobiliário tenha lhe dado a base financeira para incursões futuras, Nahas enfrentou alguns desafios, como a burocracia complexa e a instabilidade econômica . No entanto, sua experiência com alavancagem e antecipação de tendências no setor imobiliário foram essenciais para sua transição para o mercado financeiro, onde ele capitalizou um patrimônio líquido estimado em mais de US$300 milhões no início dos anos 1980.

Apesar de sua atuação no setor financeiro ter eventualmente ofuscado sua fase imobiliária, Naji Nahas deixou um legado importante. Seus empreendimentos ajudaram a moldar o panorama urbano de São Paulo e Rio de Janeiro e serviram de inspiração para outros investidores. Sua habilidade de combinar investimentos agressivos com uma análise sofisticada do mercado fez dele um pioneiro no setor imobiliário brasileiro.

Entrada no Mercado Financeiro

No início dos anos 1980, com um patrimônio significativo acumulado no mercado imobiliário e uma reputação de investidor sagaz, Naji Nahas voltou seus olhos para o mercado financeiro brasileiro. O país vivia um momento de efervescência econômica, com a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresentando oportunidades tentadoras para investidores arrojados.

Então, em 1982, Nahas fundou a Selecta Participações e Serviços SC Ltda., empresa que serviria como veículo para suas operações financeiras. A Selecta atuava como uma holding de investimentos, permitindo que Naji gerenciasse suas participações e estratégias de maneira centralizada e mais eficiente.

Estratégias e Esquemas:

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